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domingo, 26 de setembro de 2010

Soja ameaça terras indígenas

Relatório de ONG Repórter Brasil expõe um problema que poucos querem ver: a produção de soja ameaça populações indígenas já fragilizadas.

 
 Plantação de soja na Amazônia: impactos extensos

A produção de soja no Mato Grosso vem causando desmatamento e contaminação por agrotóxicos de áreas indígenas, ameaçando a segurança alimentar de populações que nelas vivem, segundo estudo da ONG Repórter Brasil divulgado nesta semana. O caso mais emblemático envolve a Terra Indígena (TI) Maraiwatsede, entre os municípios de Alto da Boa Vista e Bom Jesus do Araguaia, com indícios de envolvimento de grandes comercializadoras de grãos como compradores dessa produção.

Oficialmente criada em 1998 pelo governo federal, a TI Maraiwatsede tem 165 mil hectares e, segundo o estudo, 90% de seu território ocupado ilegalmente por fazendeiros, em sua maioria criadores de gado e produtores de grãos.

O Repórter Brasil diz que, juntas, essas atividades são responsáveis por um dos maiores desmatamentos em áreas protegidas do estado do Mato Grosso: 45% da mata nativa de Maraiwatsede foi destruída, com base em dados do Relatório 2010 do Programa de Monitoramento de Áreas Especiais do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).

Para Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace, o relatório mostra que apesar dos esforços da indústria da soja em bloquear a produção oriunda de áreas desmatadas após 2006, quando foi anunciada a moratória da soja, o setor ainda tem problemas a resolver.

Adario, que também é coordenador, pela sociedade civil, do Grupo de Trabalho da Soja (GTS), criado para implementar a moratória, diz que o estudo do Repórter Brasil desafia a indústria a adotar ferramentas adicionais de rastreamento da produção para manter a credibilidade que adquiriram junto ao mercado e à sociedade por conta do compromisso de 2006.

O monitoramento adotado pelo GTS para garantir que as comercializadoras não comprem soja vinda de novos desmatamentos não inclui terras indígenas e unidades de conservação, pois a priori tais áreas não foram concebidas para abrigar produção do grão. A moratória tampouco inclui, até agora, o monitoramento em assentamentos, em tese destinados à agricultura de base familiar. “Está mais do que na hora de rever tais critérios”, conclui Adario.

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